Παρασκευή 18 Σεπτεμβρίου 2015

Igreja Ortodoxa de Alexandria - Patriarcado de Alexandria e Toda África



Alexandria desde a sua fundação até ao séc. I d.C.
 
Foto daqui
 
A história do Patriarcado de Alexandria e de Toda África está indissociavelmente ligada à da grande cidade de Alexandria. Uma breve retrospectiva pela história desta cidade permite-nos compreender qual era o contexto não apenas histórico mas também cultural da fundação do Patriarcado de Alexandria.

Alexandria foi fundada em 331 a.C. por Alexandre o Grande. Durante a sua passagem pelo Egipto, em 332 a.C., Alexandre confiou ao arquitecto grego Dinócrates de Rodes e a Cleómenes de Naucrátis a tarefa de construir a cidade com base num traçado rectangular, com ruas centrais cruzadas. Para se distinguir das outras 31 cidades de Alexandria tornou-se conhecida como «Alexandria no Egipto» (lat. Alexandria ad Aegyptum). Foi o porto mais importante e a capital do país durante a antiguidade, sendo que no seu auge constituiu um dos mais destacados centros de cultura. A cidade de Alexandria fica na parte ocidental do delta do Nilo. Estava ligada artificialmente por uma espécie de ponte, a chamada Heptastádio, que unia a ilha de Faros à cidade, criando assim os seus dois portos: o Grande Porto a leste e o Porto do Bom Regresso (Εύνοστος) a oeste. A cidade começou a florescer quando se tornou a capital do Egipto, após a morte de Alexandre e durante o reinado de Ptololomeu I, filho de Lagos. A partir da primeira metade do séc. III a.C., Alexandria é enriquecida com a Biblioteca, o Farol de Sóstrato sobre a ilha de Faros e adquire gradualmente o carácter pelo qual permanecerá famosa até ao fim da Era Antiga.

Pela designação Biblioteca de Alexandria entende-se a antiga biblioteca da cidade de Alexandria, no Egipto, fundada durante o período helenístico na regência de Ptolomeu I, de cognome Salvador, com o incentivo de Demétrio de Faleros. Calímaco registou 400.000 papiros mistos (possivelmente aqueles que continham mais que um capítulo, obra ou autor) e 90.000 puros. Os espaços onde estavam guardados e ordenados estes papiros ficavam ou nas salas exteriores ou no Grande Salão. Os papiros estavam ordenados sobre grades fabricadas especialmente para esse efeito e os que se destacavam pela qualidade estavam embrulhados com um revestimento de linho ou pele.

A riquíssima biblioteca de Alexandria, com a sua colecção de obras dos autores mais importantes do mundo conhecido de então, constituiu não só o centro mas também o ponto de partida para o desenvolvimento de variadas ciências, como a matemática, a geometria, a astronomia e a medicina. A posição geográfica excepcional de Alexandria consagrou-a como cadinho de culturas e ideias, uma vez que aí se encontraram duas das mais importantes civilizações, a helénica e a egípcia, sem menosprezo pelo papel das outras comunidades de Alexandria (romana, síria, indiana, judia e persa, como é mencionado por São João Crisóstomo).

Dentro deste espírito é de destacar o feito da Tradução da Septuaginta (70.º) na Alexandria das letras. Esta tradução para o dialecto comum helénico foi provavelmente realizada desde o séc. III a.C. até ao séc. I a.C. por 72 estudiosos judeus.

Fundação da Igreja de Alexandria durante o séc. I d.C.

Foto daqui

O fundador da Igreja de Alexandria foi São Marcos Evangelista. As informações sobre a figura de São Marcos provêm principalmente do Novo Testamento. São Marcos Evangelista era filho de Maria, irmã do Apóstolo Barnabé. Conta a história que foi ele que segurou o cântaro de água e conduziu os Apóstolos ao senhor da casa que recebeu Jesus na Última Ceia ou o jovem que foi preso em Getsémani e que fugiu.

São Marcos Evangelista foi o primeiro a decidir pregar sistematicamente o Evangelho e a fundar Igreja em Alexandria, como salienta Eusébio: dizem também que o próprio Marcos primeiro foi enviado para o Egipto, pregou o Evangelho, o qual igualmente redigiu, e foi o primeiro a fundar Igreja nesta cidade de Alexandria. A escolha de São Marcos de se dirigir a Alexandria cerca de 15 anos depois da Crucificação e da Ressurreição de Cristo em Jerusalém não foi fortuita. Aparentemente, a conjuntura particular que se vivia em Alexandria favorecia a divulgação do Cristianismo por intermédio dos judeus na diáspora, que tinham já há bastante tempo uma comunidade em desenvolvimento na região e aos quais havia já chegado a mensagem do Evangelho. São Marcos Evangelista permaneceu na liderança da Igreja de Alexandria por cerca de 22 anos e sofreu um martírio mortal ao ser arrastado pelas ruas da cidade, por volta do ano 62 d.C., durante a sua segunda viagem. Celebramos em sua memória o dia 25 de Abril.

A morte de São Marcos não significou o fim da Igreja de Alexandria, visto que tinham sido lançadas bases sólidas da Fé Cristã e a mensagem do Evangelho prevaleceu inalterada. Após o martírio e morte do Evangelista, sucessor e segundo bispo de Alexandria foi Aniano. A primeira Igreja era constituída principalmente por gregos e judeus. A comunidade egípcia aparentemente não participou activamente na primeira Igreja de Alexandria, uma vez que, como referem a propósito muitos investigadores, não se encontra qualquer nome de origem egípcia nas listas da Diocese [Nota nosso Blog : Mas há muitos ermitões, santos da Igreja Ortodoxa, com nomes egípcios].

A Fundação da Escola de Alexandria

Desde os primeiros dias da sua existência, a Igreja de Alexandria teve de enfrentar crenças heréticas, como o gnosticismo introduzido por Basílides. Nos esforços da Igreja de Alexandria no sentido de enfrentar essas correntes heréticas foi fundada a Escola Catequética na cidade de Alexandria, onde serviram grandes figuras das letras teológicas, como Panteno, Clemente, Orígenes, responsável pela reorganização da Escola, que a tornou conhecida para além das fronteiras do Egipto, Dídimo o Cego, entre outros. O método da interpretação alegórica introduzido por Orígenes consagrou-a, além de importantíssima escola teológica, como método de interpretação e tendência teológica.

O período das perseguições

A partir dos inícios do séc. III d.C., a Igreja de Alexandria, além das discórdias teológicas, teve também de enfrentar as perseguições. O início deu-se com a perseguição, em 202, a mando de Septímio Severo, que, desagradado com a grande acção que vinha a ser desenvolvida pela Escola de Alexandria, proibiu a conversão ao Judaísmo e ao Cristianismo. As perseguições continuaram na época de Décio (249-251), de Valeriano (253-260), quando muitos cristãos foram obrigados a abandonar a cidade devido à crueldade de ambos, na época de Diocleciano (303-305), de Galério (305-311) e, por fim, de Maximino (311-312), que por decreto seu obrigava os cristãos a sacrificar aos ídolos. Durante o período da derradeira perseguição de Maximino, tornou-se mártir o Bispo de Alexandria Pedro por decapitação, a 25 de Novembro de 311. Apesar do facto de durante o período das perseguições a Igreja de Alexandria ter tido igualmente de enfrentar as correntes heréticas, permaneceu firme, implementando mesmo o seu próprio typikon litúrgico, ou seja, o conjunto de regras da liturgia de São Marcos.

Santo Atanásio, o Grande, Patriarca de Alexandria

Período do apogeu do Patriarcado de Alexandria do séc. IV ao séc. VII d.C.

Após o fim das perseguições, a Igreja de Alexandria conheceu grande apogeu mas foi abalada por grupos heréticos e falsa fé. Na lei VI do 1.º Sínodo Ecuménico está referido que o Bispo de Alexandria detém a segunda posição na primazia de honra entre os Patriarcados, depois do de Roma. Por fim, o Patriarcado de Alexandria ficou classificado na terceira posição na primazia de honra, depois do Patriarcado de Constantinopla, por decisão do 2.º Sínodo Ecuménico, em 381. Considera-se que o primeiro Papa de Alexandria foi Héracles.

Outro ponto de referência deste período é o aparecimento do ascetismo no deserto do Egipto. O ascetismo apareceu inicialmente durante o período das perseguições mas conheceu grande florescimento no séc. IV d.C. no deserto de Nítria. Aí praticaram o ascetismo grandes figuras como Santo Antão do Deserto, Amónio, Pacómio, Macário o Egípcio (fotografia), entre outros. A partir do deserto de Nítria, onde nasceu, o ascetismo espalhou-se à região da Península de Sinai, à Palestina, etc. Aliás, o mosteiro de Santa Catarina no Sinai era protegido por aktimané (testamento) assinado pelo próprio Maomé no ano de 624.

Durante um grande período, a Igreja de Alexandria teve de enfrentar o ensino herético, que ameaçava a sua unidade. A seita mais séria era a de Ário, a qual viria a ser a razão pela qual foi convocado o 1.º Sínodo Ecuménico de Niceia, em 325. Nesse Sínodo participou Santo Atanásio de Alexandria, que criticou de forma fulminante a seita de Ário. A Igreja de Alexandria foi abalada uma vez mais com o ensino de Nestório, o qual foi enfrentado pelo 3.º Sínodo Ecuménico, em 451. Um facto de entristecer foi o posterior cisma da Igreja de Alexandria, com a criação da Igreja Copta.

O período do domínio Árabe do séc. VII ao séc. XVI d.C.

Por volta de 642, Alexandria foi ocupada pelos Árabes. Este período é considerado como um dos mais difíceis por que passou o Patriarcado de Alexandria. Com a ocupação da cidade, o trono patriarcal ficou vago por volta de 75 anos. Em 704 começou uma grande perseguição face aos cristãos da cidade. Muitos foram os que emigraram e muitos templos e instituições foram destruídos.

Um farol nesta realidade obscura constituiu a acção do Patriarca Cosme, que, por intermédio de um esforço intenso, conseguiu recuperar muitos templos que tinham sido perdidos. Outro período difícil foi durante o domínio de Al Hakim (985-1021). Este período caracteriza-se por destruição generalizada de mosteiros e actos de violência contra os cristãos ortodoxos. Aliás, bastantes vezes o Patriarca ortodoxo ficou sem fiéis pois, devido às perseguições, os cristãos abandonavam os seus lares em busca de um refúgio mais seguro. Após o assassinato do Patriarca Arsénio, o seu sucessor Teófilo II refugiou-se em Constantinopla em busca de segurança. Em algumas ocasiões a escolha do novo Patriarca chegou a ser feita em Constantinopla, uma vez que não havia as condições adequadas para a sua realização na sede natural do Patriarcado de Alexandria.

Durante o período de domínio árabe, o Patriarcado de Alexandria esteve prestes a ser totalmente extinto. O número de cristãos ortodoxos conheceu uma redução drástica, uma vez que de 300 000 que se calculavam no início deste período restaram menos de 100 000 no seu fim. O período de domínio árabe de Alexandria chegou ao fim com a sua conquista pelos turcos.

O período de domínio turco 1517-1821

Em 1517, o Egipto foi ocupado pelos turcos e pararam as perseguições, abrindo-se um novo capítulo para os cristãos. Com a queda de Constantinopla, os Patriarcados enfrentaram sérios problemas, uma vez que dependiam economicamente do Patriarcado Ecuménico. Neste período, ao trono patriarcal tinha subido Joaquim I, o qual tinha excelentes relações com todos os Patriarcados Ortodoxos e principalmente com o de Moscovo, a tal ponto que conseguiu que fosse reforçado economicamente por Ivan, o Terrível. Logrou até receber decreto especial de Selim I, que lhe concedia privilégios e lhe garantia o normal funcionamento do Patriarcado, permitindo-lhe executar livremente os seus deveres. A preciosa ajuda que chegava do Patriarcado de Moscovo permitiu aos patriarcas de Alexandria restaurar e embelezar muitos templos. Muitas relíquias e ícones sagrados que existem nos templos provêm deste período.

Ao Patriarca Joaquim sucederam outros brilhantes patriarcas, como Melécio Pegas e Cirilo III (fotografia). Parténio II tratou de registar e enriquecer os livros e manuscritos da biblioteca do Patriarcado, que se contam hoje em cerca de 40 000 volumes. O Patriarcado de Alexandria até meados do séc. XIX conheceu um novo desenvolvimento e reconquistou um grande número de templos e paróquias.

O período de 1821 até hoje

O séc. XIX na sua totalidade constituiu um dos melhores períodos para o Patriarcado de Alexandria. As perseguições cessaram completamente e assim era possível, de certa forma, continuar livremente a sua obra.

Regeneradora foi a acção do filélina Mehmet Ali Passás (Mohamet Aly) de permitir que se instalassem de novo gregos no Egipto, dando oportunidade ao Patriarcado de fundar hospitais, escolas e muitas outras instituições. Sem ter de enfrentar obstáculos, o Patriarcado fundou novas dioceses e dedicou-se ao missionarismo além-fronteiras. Melécio II Metaxakis (1926-1936) aumentou as Metrópoles do Patriarcado de Alexandria e Toda África, fundando mesmo a Metrópole de Joanesburgo, na qual estava incluída inicialmente a Diocese de Moçambique.

 
O Patriarca de Alexandria Theodoros II
 
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