Folha de Portugal
Nandi, de 11 anos, vivia com os pais e as quatro irmãs na zona rural da África do Sul. O seu sonho era ir à escola, mas a sua família não tinha dinheiro nem para comprar comida. Entretanto, um amigo da família disse que Nandi poderia ir à Cidade do Cabo, para trabalhar como doméstica e frequentar as aulas à tarde. E os pais da menina concordaram com a ideia, já que lá esta teria comida, roupa e educação, isto para além de poder enviar o que sobrasse do seu salário para casa. Só que o que Nandi e os seus pais não sabiam é que nunca mais se veriam, pois, a menina estava prestes a ser vendida. Esta chegou à Cidade do Cabo, num carro cheio de crianças, e foi vendida por um traficante, por 94 dólares, para uma família que a exploraria de todos os modos. Contudo, o caso de Nandi, denunciado pela organização não governamental (ONG) Justice A.C.T.S (Aliança Cristã Contra o Tráfico), é só um exemplo da venda de crianças na África do Sul, país que sobressai não apenas por ser o mais próspero da região, mas também pelo seu papel de destaque no tráfico infantil. Local onde as crianças são submetidas a exploração sexual e a trabalhos domésticos, mas onde também há casos de adoção ilegal, casamento forçado e remoção de órgãos. “Isso resulta de vários fatores, como o histórico de pobreza, a discriminação, a desigualdade e a falta de oportunidades económicas, que fazem com que alguns se aproveitem e exponham os mais vulneráveis à exploração e ao abuso. O facto de a África do Sul ser um país em condições económicas mais favoráveis do que o resto da região torna-a num destino atraente”, disse Patric Solomons, diretor da ONG local, Molo Songololo, que luta contra o tráfico infantil.
Crianças, homens e mulheres
A África do Sul é reconhecida por ser o lugar de origem, trânsito e destino das vítimas. Recebendo o país, na sua maioria, crianças vindas de outros países da África, tais como Moçambique, Lesoto, Malawi, Zimbabué e Suazilândia. Também a Tailândia e a China, na Ásia, e a Rússia e a Bulgária, no Leste Europeu, enviam menores para fazerem serviços domésticos forçados ou para serem explorados sexualmente no país. Para além disso, as crianças sul-africanas são vendidas tanto dentro do próprio país, como fora.
O Governo e as ONGs afirmam que o tráfico de crianças é comum nos dias de hoje, ainda que não existam estatísticas oficiais sobre o tema. “É um fenómeno clandestino. As vítimas são abusadas por trás de portas fechadas. Por isso, ficam invisíveis”, disse Resh Mehta, do programa de assistência a vítimas de tráfico na África do Sul, promovido pela Organização Internacional de Migrações (IOM, sigla em inglês). Contudo, reportagens na imprensa contribuíram para uma errada perceção de que o tráfico de pessoas apenas se aplica aos casos de mulheres e de crianças que tenham sido levadas à força de um país para outro, para exploração sexual. Pois, na África do Sul, o tráfico também inclui homens.
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